domingo, 28 de agosto de 2011

Velas


Abro a porta da geladeira, a luz se acende, nada mudou, respiro fundo, coço os olhos e resolvo fechar a porta. Fico parado, penso, medito. Penso em tudo aquilo que passou, penso naquilo que fiz e deixei de fazer até chegar aquela situação, naquele momento.

Penso nas ações que deveria ter feito na hora certa e naquelas que fiz na hora errada. Me culpo, me condeno, peço a Deus uma luz, peço a Deus paz.

Meu humor melhora e meus pés esfriam. Me lembro que estou em frente à geladeira, descalço, de pijama. A única coisa que escuto é o "tic tac" do relógio e o apito do guarda noturno na rua.

Sinto o vento gelado que entra pela janela, semi aberta com vidros canelados e cristalinos.

A luz do poste da rua ilumina a casa, só minhas coisas estão nela. Velo a silhueta de alguns objetos, objetos meus, somente meus.



Abro a geladeira, a luz se acende e vejo que nada mudou.

Tudo está no mesmo lugar, resolvo não pegar nada pra comer. Fecho a porta e vou pra cama, cama vazia, cama vazia e fria. Fria e vazia como no começo da noite.

Um comentário:

Reginice Menezes disse...

Nossa... que texto hein... Adoro essas colocações de sensações que vc passa pro leitor. Dá pra se sentir como protagonista de td isso. Sensação de angustia, de vazio... Quantas vzs naum nos vemso assim? Sem rumo, sem saber o que fazer... os pensamentos vagam.. tropeçam em lembranças que nos culpam ou inocentam...