terça-feira, 23 de agosto de 2011

ENCONTRO


Noite em São Paulo, o telefone toca, toca varias vezes. Ela atende e escuta com ar de espanto o convite que acabara de receber. Não tem como não ir, entra no banho, ansiosa. Em poucos minutos já está banhada. Enrolada na toalha, para em frente ao “closet”. Escolherá o vestido que irá para o encontro. Encontro o qual será memorável. Escolhe, escolhe e escolhe. Mas é aquele mesmo, preto básico, longo, lindo. Lindo e Longo. Preto.

A toalha cai ao chão, sua pele é linda. Branca, pálida, linda. Suas curvas são perfeitas, sua cintura, seu quadril. Perfeito. Ela tira do cabide o vestido e o coloca, cai como uma luva. Ela está linda. Linda e ansiosa.

Passa seu perfume, discreto, mas delicioso, é um presente que ganhou que guarda com muito carinho e usa somente em dias especiais. Aquele é um dia especial.

Coloca sua sandália. Preta também de couro. Com algumas tiras e fivelas, linda, seus pés são como santos no altar dentro daquela sandália. Adoráveis. Lindos, majestosos.

Esta pronta, maquiagem, perfume, vestido, longo e preto.

Apanha a chave do carro e sai com pressa, afinal alguém a espera. Dirige aflita com, hoje não tem música no carro. O silencio fala mais que mil palavras agora. O pensamento está a mil, lembranças e lembranças. Ela ainda o ama, ama em segredo, mas ama.

O mundo para nesse momento, ela se perde em mil pensamentos, como vai ser agora? Como agirei? Como isso pode acontecer? Como cheguei nessa situação? Ela pensa. Medita e se pergunta.

As mãos estão suadas, nervosas e suadas. O caminho parece ser três vezes maior, não chega nunca. Dirige, dirige e dirige. Finalmente chega ao lugar marcado, comprimenta algumas pessoas, as pessoas a olham, e pensam: É ela.

Ela entra e o encontra. Uma lagrima corre em seu rosto. Ela não pode acreditar. Ele esta ali, em seu terno preferido preto. O cheiro das flores invade as narinas dela. Ele está ali, mas não olha pra ela. Mas também não a ignora, não tem como ignorar. Nem como vê-la. Seus olhos que um dia tanto a admirou agora não abrem mais. O coração que tanto bateu por ela, agora não bate mais. Ele esta morto.

Ela olha pra ele e diz: “Pra sempre te amarei, meu amor” chora. Emociona-se.

O beija. Abaixa a cabeça e chora. Compulsivamente chora. E se lembra de tudo que um dia viveu ao lado daquele homem.

Marcio Alessandro Furlani - 19/08/2011

2 comentários:

Reginice Menezes disse...

Adorei, inquietante, misterioso, sensível!! Seus textos sempre nos levam a lugares lindos.. pensamentos que o coração deseja viver.. mas infelizmente, no final, há uma decepção por parte do leitor, que sempre espera que todo final seja feliz.

Unknown disse...

nossa que lindo olha esse link
http://bibliotecadana.blogspot.com.br/ é o meu blog