Noite em São Paulo, o telefone toca, toca varias vezes. Ela atende e escuta com ar de espanto o convite que acabara de receber. Não tem como não ir, entra no banho, ansiosa. Em poucos minutos já está banhada. Enrolada na toalha, para em frente ao “closet”. Escolherá o vestido que irá para o encontro. Encontro o qual será memorável. Escolhe, escolhe e escolhe. Mas é aquele mesmo, preto básico, longo, lindo. Lindo e Longo. Preto.
A toalha cai ao chão, sua pele é linda. Branca, pálida, linda. Suas curvas são perfeitas, sua cintura, seu quadril. Perfeito. Ela tira do cabide o vestido e o coloca, cai como uma luva. Ela está linda. Linda e ansiosa.
Passa seu perfume, discreto, mas delicioso, é um presente que ganhou que guarda com muito carinho e usa somente em dias especiais. Aquele é um dia especial.
Coloca sua sandália. Preta também de couro. Com algumas tiras e fivelas, linda, seus pés são como santos no altar dentro daquela sandália. Adoráveis. Lindos, majestosos.
Esta pronta, maquiagem, perfume, vestido, longo e preto.
Apanha a chave do carro e sai com pressa, afinal alguém a espera. Dirige aflita com, hoje não tem música no carro. O silencio fala mais que mil palavras agora. O pensamento está a mil, lembranças e lembranças. Ela ainda o ama, ama em segredo, mas ama.
O mundo para nesse momento, ela se perde em mil pensamentos, como vai ser agora? Como agirei? Como isso pode acontecer? Como cheguei nessa situação? Ela pensa. Medita e se pergunta.
As mãos estão suadas, nervosas e suadas. O caminho parece ser três vezes maior, não chega nunca. Dirige, dirige e dirige. Finalmente chega ao lugar marcado, comprimenta algumas pessoas, as pessoas a olham, e pensam: É ela.
Ela entra e o encontra. Uma lagrima corre em seu rosto. Ela não pode acreditar. Ele esta ali, em seu terno preferido preto. O cheiro das flores invade as narinas dela. Ele está ali, mas não olha pra ela. Mas também não a ignora, não tem como ignorar. Nem como vê-la. Seus olhos que um dia tanto a admirou agora não abrem mais. O coração que tanto bateu por ela, agora não bate mais. Ele esta morto.
Ela olha pra ele e diz: “Pra sempre te amarei, meu amor” chora. Emociona-se.
O beija. Abaixa a cabeça e chora. Compulsivamente chora. E se lembra de tudo que um dia viveu ao lado daquele homem.
Marcio Alessandro Furlani - 19/08/2011
2 comentários:
Adorei, inquietante, misterioso, sensível!! Seus textos sempre nos levam a lugares lindos.. pensamentos que o coração deseja viver.. mas infelizmente, no final, há uma decepção por parte do leitor, que sempre espera que todo final seja feliz.
nossa que lindo olha esse link
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