Ele abre os olhos. Ouve o som da água do rio que corre a poucos metros de
distancia. Sente o cheiro da fumaça, de lenha no fogão. A pouca claridade do
Sol toma seu corpo. Toma seu espírito. O dia chegou, é hoje.
Levanta-se lentamente, curva a cabeça e pede pra que não
sinta dor. Medita mais uma vez. Respira fundo e se levanta. Alguém o espera.
Caminha poucos metros. Seu espaço é pequeno e logo se depara
com quem o esperava.
Se encaram, por minutos se olham, sentimento frio sem
nenhuma emoção. Finalmente se encontram,
depois de muito, muito tempo.
São iguais. Idênticos. Mesma altura, mesma pele, mesmo
cheiro.
É o dia do acerto de contas, consigo mesmo.
Frente a frente com ele mesmo é hora de avaliar as coisas
que fez durante toda a vida. Não é uma tarefa fácil.
Não existe mais ninguém, só os dois e um ou um em dois.
Começam a despir-se de alma. Não tem como mentir. Impossível
mentir pra sí mesmo.
O reencontro é assim, por vezes você se perde em sim mesmo,
não sabes por onde andas ou quem se tornou.
Vontades recolhidas, pensamentos reprimidos, mas o eu
verdadeiro está ali.
O reencontro é emocionante. Um vê no outro o que realmente
teriam que ser.
Um deles cai ao chão,a matéria, a carne.. O outro o olha.
Sente frio e medo.
Tudo acaba ali, riquezas, angustias e dores...
Inveja, cobiça e valores.
Tudo se perdeu nada se levou.
Despido de tudo que um dia o cobriu. Assim como veio ao
mundo.. sem nada. Nú
Olha ao redor.. a água do rio não corre mais.. esta parada
em sua correnteza.
O fogo que não
consome. Só ilumina. O fogo que não aquece.
O tempo para. Os sentidos somem. A matéria no chão e a alma
que vaga. Vaga sem direção
O incompreensível acontece.
É hora de partir.
Acabou.
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