Ele corre de um lugar ao outro. Aflito. Seu gestual é ansioso, ele quer gritar e não consegue.
Sua voz não sai da garganta e isso o incomoda, mas desde quando ele era criança era assim.
Seus semelhantes mais velhos conseguiram, em alguma parte da vida, tirar a sua voz.
Ele cresceu assim, com vontade de gritar mas não conseguia e então ele se acostumou com isso.
Acatava quase tudo o que lhe diziam e isso começou a se tornar normal.
Gritar ou falar aquilo que devia se tornou algo desrespeitoso. Não podemos afrontar ou gritar com os mais velhos. Precisamos respeitá-los.
Gritar sozinho era sinônimo de loucura.
Você não sente dor, porque gritar?
A dor nem sempre é na carne. É na alma. Algumas pessoas te esbofeteiam sem levantar as mãos.
Arrancam pedaços da sua alma e nunca mais devolvem.
Arrancam pedaços da sua alma e nunca mais devolvem.
Gritar seria uma saída. Desesperadora? Não sei.. mas pode ser uma saída.
É por isso que ele corre.. de um lugar ao outro, aflito e com ansiedade. Está chegando a hora de gritar.
Ele aprendeu, só está esperando o momento certo.
E como de costume, o roubam mais uma vez. Não o consideram. O fazem de otário. mais uma vez.
A hora de GRITAR chegou.
Ele grita... em volume alto.. pra todo mundo escutar.
Depois de tantos anos.... chegou a hora... mas as pessoas não reconhecem sua voz. O grito foi no vácuo e ninguém escutou nada.
Nem o eco o considerou. Vazio, nulo..sem efeito.
Como em um sonho.. que logo se disipa. Foi assim seu grito.
Um chamado sem resposta.