A chuva desce do telhado fazendo um som único que só pode
ser ouvido no outono. O Sol não está
presente, ainda é cedo demais para que ele desperte.
O coração bate forte, a respiração é profunda e de repente
acorda. Acorda de um sonho que não era bom. Por sua sorte era um sonho que se
acabou como quando acaba a escuridão quando a luz invade um ambiente.
Mas a escuridão perdura, não se dissipa. Acordado, não reconhece
os objetos a sua volta. Está escuro e frio. Sozinho na escuridão, não sabe
muito bem o que pensar. Tudo aquilo que está ali, ele não queria que estivesse.
Sua timidez, seus medos, suas angustias. Prefere ficar no escuro, porque dessa
forma não é capaz de se enxergar, de se analisar no espelho.
O escuro é o único lugar que o acolhe, que o abraça. Dessa
forma consegue escutar a si mesmo, mesmo sem dizer uma palavra. Ele não gosta
da vida, não gosta como a vida o trata. Senta-se na cama e apalpa em cima de
sua cômoda um pequeno vidro. O abre e coloca todo seu conteúdo nas mãos. É o
seu passaporte.
De uma só vez, engole todos os 10 comprimidos, e como em um
aeroporto, senta-se e espera que sua viajem comece.
Continua...
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